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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Vinda da Família Real Para o Brasil

No início do século XIX, a Europa estava agitada pelas guerras. Inglaterra e França disputavam a liderança no continente europeu.

Em 1806, Napoleão Bonaparte, imperador da França, decretou o Bloqueio Continental, proibindo que qualquer país aliado ou ocupado pelas forças francesas comercializasse com a Inglaterra. O objetivo do bloqueio era arruinar a economia inglesa. Quem não obedecesse, seria invadido pelo exército francês.

 

Rei Dom João
Portugal viu-se numa situação delicada. Nessa época, Portugal era governado pelo príncipe regente D. João, pois sua mãe, a rainha D. Maria I, enlouquecera. D. João não podia cumprir as ordens de Napoleão e aderir ao Bloqueio Continental, pois tinha longa relação comercial com a Inglaterra, por outro lado o governo português temia o exército francês.
 

Sem outra alternativa, Portugal aceitou o Bloqueio, mas, continuou comercializando com a Inglaterra. Ao descobrir a trama, Napoleão determinou a invasão de Portugal em novembro de 1807. Sem condições de resistir à invasão francesa, D. João e toda a corte portuguesa fugiram para o Brasil, sob a proteção naval da marinha inglesa. A Inglaterra ofereceu escolta na travessia do Atlântico, mas em troca exigiu a abertura dos portos brasileiros aos navios ingleses.

A corte portuguesa partiu às pressas de Lisboa sob as vaias do povo, em 29 de novembro de 1807. Na comitiva vinha D. João, sua mãe D. Maria I, a princesa Carlota Joaquina; as crianças D. Miguel, D. Maria Teresa, D. Maria Isabel, D. Maria Assunção, D. Ana de Jesus Maria e D. Pedro, o futuro imperador do Brasil e mais cerca de 15 mil pessoas entre nobres, militares, religiosos e funcionários da Coroa. Trazendo tudo o que era possível carregar; móveis, objetos de arte, jóias, louças, livros, arquivos e todo o tesouro real imperial.

Após 54 dias de viagem a esquadra portuguesa chegou ao porto de Salvador na Bahia, em 22 de janeiro de 1808. Lá foram recebidos com festas, onde permaneceram por mais de um mês.

Seis dias após a chegada D. João cumpriu o seu acordo com os ingleses, abrindo os portos brasileiros às nações amigas, isto é, a Inglaterra. Eliminando em parte o monopólio comercial português, que obrigava o Brasil a fazer comércio apenas com Portugal.

 Mas o destino da Coroa portuguesa, era a capital da colônia, o Rio de Janeiro, onde D. João e sua comitiva desembarcaram em 8 de março de 1808 e onde foi instalada a sede do governo.

 Na chegada ao Rio de Janeiro, a Corte portuguesa foi recebida com uma grande festa: o povo aglomerou-se no porto e nas principais ruas para acompanhar a Família Real em procissão até a Catedral, onde, após uma missa em ação de graças, o rei concedeu o primeiro "beija-mão".

 A transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro provocou uma grande transformação na cidade.  D. João teve que organizar a estrutura administrativa do governo. Nomeou ministros de Estado, colocou em funcionamento diversas secretarias públicas, instalou tribunais de justiça e criou o Banco do Brasil (1808).

Era preciso acomodar os novos habitantes e tornar a cidade digna de ser a nova sede do Império português. O vice-rei do Brasil, D. Marcos de Noronha e Brito cedeu sua residência, O Palácio dos Governadores, no Lago do Paço, que passou a ser chamado Paço Real, para o rei e sua família e exigiu que os moradores das melhores casas da cidade fizessem o mesmo. Duas mil residências foram requisitadas, pregando-se nas portas o "P.R.", que significava "Príncipe Regente", mas que o povo logo traduziu como "Ponha-se na Rua". Prédios públicos, quartéis, igrejas e conventos também foram ocupados. A cidade passou por uma reforma geral: limpeza de ruas, pinturas nas fachadas dos prédios e apreensão de animais.

As mudanças provocaram o aumento da população na cidade do Rio de Janeiro, que por volta de 1820, somava mais de 100 mil habitantes, entre os quais muitos eram estrangeiros – portugueses, comerciantes ingleses, corpos diplomáticos – ou mesmo resultado do deslocamento da população interna que procurava novas oportunidades na capital.

As construções passaram a seguir os padrões europeus. Novos elementos foram incorporados ao mobiliário; espelhos, bibelôs, biombos, papéis de parede, quadros, instrumentos musicais, relógios de parede.

Com a Abertura dos Portos (1808) e os Tratados de Comércio e Navegação e de Aliança e Amizade (1810) estabelecendo tarifas preferenciais aos produtos ingleses, o comércio cresceu. O porto do Rio de Janeiro aumentou seu movimento que passou de 500 para 1200 embarcações anuais.

A oferta de mercadorias e serviços diversificou-se. A Rua do Ouvidor, no centro do Rio, recebeu o cabeleireiro da Corte, costureiras francesas, lojas elegantes, joalherias e tabacarias. A novidade mais requintada era os chapéus, luvas, leques, flores artificiais, perfumes e sabonetes.

Para a elite, a presença da Corte e o número crescente de comerciantes estrangeiros trouxeram familiaridade com novos produtos e padrões de comportamento em moldes europeus.  As mulheres seguindo o estilo francês; usavam vestidos leves e sem armações, com decotes abertos, cintura alta, deixando aparecer os sapatos de saltos baixos. Enquanto os homens usavam casacas com golas altas enfeitadas por lenços coloridos e gravatas de renda, calções até o joelho e meias. Embora apenas uma pequena parte da população usufruísse desses luxos.

 Sem dúvida, a vinda de D. João deu um grande impulso à cultura no Brasil.

 Em abril de 1808, foi criado o Arquivo Central, que reunia mapas e cartas geográficas do Brasil e projetos de obras públicas. Em maio, D. João criou a Imprensa Régia e, em setembro, surgiu a Gazeta do Rio de Janeiro. Logo vieram livros didáticos, técnicos e de poesia. Em janeiro de 1810, foi aberta a Biblioteca Real, com 60 mil volumes trazidos de Lisboa.

 Criaram-se as Escolas de Cirurgia e Academia de Marinha (1808), a Aula de Comércio e Academia Militar (1810) e a Academia Médico-cirúrgica (1813). A ciência também ganhou com a criação do Observatório Astronômico (1808), do Jardim Botânico (1810) e do Laboratório de Química (1818).

 Em 1813, foi inaugurado o Teatro São João (atual João Caetano). Em 1816, a Missão Francesa, composta de pintores, escultores, arquitetos e artesãos, chegaram ao Rio de Janeiro para criar a Imperial Academia e Escola de Belas-artes. Em 1820, foi a vez da Real Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura-civil.

 A presença de artistas estrangeiros, botânicos, zoólogos, médicos, etnólogos, geógrafos e muitos outros que fizeram viagens e expedições regulares ao Brasil – trouxe informações sobre o que acontecia pelo mundo e também tornou este país conhecido, por meio dos livros e artigos em jornais e revistas que aqueles profissionais publicavam. Foi uma mudança profunda, mas que não alterou os costumes da grande maioria da população carioca, composta de escravos e trabalhadores assalariados.

Com a vitória das nações europeias contra Napoleão em 1815, ficou decidido que os reis de países invadidos, pela França deveriam voltar a ocupar seus tronos.

 D. João e sua corte não queriam retornar ao empobrecido Portugal. Então o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves (uma região ao sul de Portugal). O Brasil deixava de ser Colônia de Portugal, adquiria autonomia administrativa.

 Em 1820, houve em Portugal a Revolução Liberal do Porto, terminando com o Absolutismo e iniciando a Monarquia Constitucional. D. João deixava de ser monarca absoluto e passava a seguir a Constituição do Reino. Dessa forma, a Assembleia Portuguesa exigia o retorno do monarca. O novo governo português desejava recolonizar o Brasil, retirando sua autonomia econômica.

Em 26 de abril de 1821, D. João VI cedendo às pressões, volta a Portugal, deixando seu filho D.Pedro como príncipe regente do Brasil.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Processo de independência da América portuguesa


    A Independência do Brasil é celebrada no dia 7 de setembro dia em que Dom Pedro, ao receber uma correspondência às margens do córrego do Ipiranga, em São Paulo, bradou “Independência ou Morte!”. Segundo a própria versão oficial, pressionado pelo Estado Português, que após a Revolução Liberal do Porto, de 1820, que vinha exigindo o restabelecimento do Pacto Colonial, Dom Pedro, tomado de um nacionalismo brasileiro, optou pela ruptura total com o Reino de Portugal, que tinha como rei seu pai, Dom João VI.     Desde o século XVI, dentro do processo de Expansão Marítima e Comercial, Portugal passou a ocupar territórios na costa do Atlântico Sul, tanto na África, quanto na América, e implantou um sistema de exploração desses territórios e de suas respectivas populações. O Pacto Colonial era o marco regulatório das relações entre Portugal (Metrópole) e suas Colônias (dentre elas o território que hoje é o Brasil). Só haveria sentido em ocupar territórios distantes da Europa, se houvesse alguma compensação em troca desse esforço. 

    Dentro dos objetivos de uma nação imperialista do século XVI, o principal era o acúmulo de metais, e para tanto, ocupar uma área periférica, com clima e solo diferentes do europeu, era uma oportunidade de novos negócios, e ainda, complementares ao da Europa. Para essa empreitada ser economicamente vantajosa, era preciso que os custos de produção fossem os menores possíveis, além disso, para segurar os preços em patamares mínimos, a Metrópole detinha o monopólio comercial com as áreas coloniais. Esse exclusivismo foi o mecanismo fundamental do Colonialismo Europeu na América, da Época Moderna. 

    Como detinha o monopólio comercial, a Metrópole definia o que seria produzido e a quantidade, já que era a única consumidora. Para manter os custos de produção em patamares mínimos possíveis, o sistema produtivo na América portuguesa tinha na grande propriedade de terra, seu regime de ocupação do solo; como única consumidora possível, a Metrópole definia um único produto a ser produzido em larga escala (monocultura) e; o regime de trabalho adotado foi o escravista. Neste ponto, cabe uma colocação. 

    Diferentemente de algumas áreas da América, onde a Metrópole europeia adotou o escravismo de povos nativos, na América portuguesa foi adotado o escravismo de populações africanas. Essa medida não tem relação com a suposta falta de adaptação do indígena ao trabalho compulsório, mas sim a interesses comerciais portugueses, que no mesmo processo de ocupação da Costa Americana do Atlântico, também, ocupou parte da Costa Africana do Atlântico, portanto, era também, controladora das áreas exportadoras de escravos na África, criando um sistema conhecido como Comércio Triangular: mão-de-obra fornecida pela Costa Ocidental africana; produtos tropicais produzidos na América portuguesa; consumidos na Europa. 

    Portanto, controlando a produção de produtos tropicais complementares àqueles produzidos na Europa à área fornecedora de mão-de-obra escrava, e tendo o monopólio comercial sobre esses produtos, era possível a Metrópole ter um saldo positivo na sua balança comercial (diferença entre exportações e importações) ocasionado o acúmulo de metais preciosos (moeda corrente da época) nos estados coloniais. Esse sistema começou a ser desmontado com a vinda da família real portuguesa para a América, devido as Guerras Napoleônicas na Europa, que por questão de segurança veio a se instalar no Brasil. para manter o estilo de vida da família real e sua corte, medidas liberalizantes foram implementadas pelo príncipe regente Dom João, futuro Dom João VI, como: a abertura dos portos a nações amigas, diga-se Inglaterra; a liberação da instalação de manufaturas na colônia; criação do Banco do Brasil e emissão de moeda; criação da imprensa-régia, “inchaço” da burocracia estatal, para atender a corte que acompanhou a família real; entre outras medidas. Esse “pacote” progressista, criou condições para que a antiga Colônia, pudesse se emancipar politicamente da metrópole, o que gradativamente foi acontecendo.

    Em 1820 Dom João, então empossado nos trópicos rei de Portugal retornou a Europa para reorganizar a nação portuguesa no pós-napoleão, e em 1822, Dom Pedro, não motivado pela pressão portuguesa para o fortalecimento do Pacto Colonial, já falido, mas sim pressionado, pela oligarquia colonial, que já não dependia mais de Portugal para negociar sua produção com a Europa, devido à abertura dos portos em 1808, decretou a Independência do Brasil em relação a Portugal, pois caso não o fizesse ele mesmo, alguém teria o feito mais cedo ou mais tarde. 

    A grande crítica a Independência do Brasil em relação a Portugal consiste na questão de que mesmo com a emancipação política, o Brasil Monárquico não tinha autonomia econômico-financeiro, pois a produção estava atrelada ao mercado externo, portanto, sujeito as inconstantes da economia europeia à época. 

    A Inglaterra, que desde muito cedo, já vinha sendo credora da Monarquia Portuguesa, passou a ser também credora da nova nação, o Brasil, já que estruturalmente, a Independência de 1822 não significou em uma revolução nas formas de exploração dos bens matérias e das pessoas, a monocultura foi mantida, o regime fundiário idem, o mercado externo continuou ditando o que seria produzido e suas quantidades, a Inglaterra mantinha relações privilegiadas com a oligarquia rural, além disso, o escravismo foi mantido como regime de trabalho.

O trabalho na Era Industrial

A Industrialização  na Grã-Bretanha representou uma mudança social profunda na media em que transformou a vida dos homens, implicando e...